Dia Internacional do Rock - HOJE


Nosso abraço a toda comunidade rock de cajazeiras e adjacências (o que quer dizer Londres, Moscou, Tóquio, Sidney, Nova York, Kigali o Polo Norte e o Polo Sul...ááááhhh... e a lua) neste nosso dia.

em seguida, crônica do Paccelli sobre o Dia Internacional do Rock

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Um Jovem Sen
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Ele é quase um sexagenário. Acende-se umas velinhas e ele fecha mais uma decênio com o vigor próprio àqueles que ainda não saíram da casa dos vinte. Desde o início foi um incompreendido. Logo quando deu o ar da graça um senhor de nome Frank Sinatra disse pra todo mundo ouvir que seria atrás dele – o recém nascido – que marchariam todos os marginais do planeta, como se Mr. Sinatra pudesse ser visto como uma baliza da ética e dos costumes. Não foi surpresa a agressividade dos “Olhos Azuis”. Viram o que o rebento fez com o Elvis e sua pélvis? Pois é... A pélvis do Elvis chegou a ser censurada na TV . O pobre cantor aparecia na telinha da cintura pra cima. Talvez porque ficava difícil ao “cameraman” acompanhar a balouçante cintura. O que dificultava também a aceitação da criança pela conservadora sociedade WASP americana, era sua filiação: tinha raízes negras. Na verdade o menino foi gestado nos esfumaçados bares dos guetos onde a languidez do “slow blues” e a desvairada batida do R&B (Rhythm and Blues) proporcionaram uma concepção segura. Mas nosso moço teve uma curta, se bem que festiva, infância. O mundo acordava para enxergar suas próprias feridas forçando a maturidade goela abaixo das pessoas. Nosso rapaz, sensível como ele só, resolve comprar a briga. Sai por aí pondo à luz os desencontros sociais, as distorções políticas, os extremos da economia mundial. Propunha a construção de um mundo alternativo, começando com o fim de todas as guerras – muito especialmente a do Vietnã. Anseios coloridos, floridos em lisérgicas espirais. Sim, pois nosso personagem, com um empurrãozinho da química, mergulha em psicodélicos devaneios que recheavam de caleidoscópicas perspectivas suas utopias. Mas por volta de 1970 ele cansou. A paz parecia ser um artigo sem muita perspectiva mercadológica. Que vá todo o mundo à merda – pensou do alto do seu desdém. Vou me divertir. Tomou um banho, cortou os cabelos, escolheu umas roupas que antes achava careta e expressão da vaidade burguesa e caiu na gandaia das discotecas. Era uma farra só. Ele simplesmente tomava de conta das pistas de dança. Embalos do sábado a noite, que nada... Eram embalos todas as noites. Mas havia uma característica em nosso moço que o fazia muito peculiar. Ele tinha o poder de clonar a si próprio, particionando-se como uma célula em processo de mitose. Interessante é que essas partes que dele surgiam, nasciam com toda a experiência acumulada pelo original, mas com um tino próprio que fazia a “cópia” seguir um riscado único, só seu. E também se particionavam, gerando seus próprios clones que por sua vez adquiriam feições pessoais e se dividiam também, em “motu continuo”. Acho que é hora de dar nome aos bois. No início nosso personagem impar carregava uma nomenclatura que servia muito bem para si e para suas “crias” mais imediatas: Rock’n’Roll. Só que a essas alturas do campeonato, é de “bom-tom” proceder ao convencional de nome e sobrenome tantas são suas variações dispersas numa taxonomia louca. Progressive Rock, Folk Rock, Hard Rock além de outras indicações que nada tem a ver com nome de família, mas que caracteriza alguém do clã. É o caso da Disco Music, do Techno, do Fusion. Este último é um exemplo da promiscuidade, traço essencial do caráter de Mr. Rock. O Fusion é o produto de um tórrido “affaire” com o Jazz. Mas onde estávamos mesmo? Ah... sim.. Nas pistas de dança. Logo, logo Mr. Rock vai se sentir um tanto incômodo. O mundo pegando fogo e ele ali, na festa...Desemprego, instabilidade social, fome, polarização política... Chega de farra. A sociedade precisa de uma sacudida. Chega de roupas e sons elaborados. É preciso voltar à caverna pra fazer o Homem se tocar. Mr. Rock se cobre de preto e prata. Fura bochechas e lábios. Copia a estética capilar dos índios moicanos. Manda a sutileza pra puta-que-a-pariu e sai por aí quebrando tudo. E passam a lhe chamar de Punk. Mas ficar injuriado 24 horas por dia também enche o saco. Vamos mudar de cara e postura pra algo mais leve e realista. New Wave. O som do jovem Yuppie que sonha se fazer em Wall Street, de óculos de aros de acrílico e roupas de fazer inveja a Saville Row (ops... exagerei...). Depois tornou a mudar, e a mudar, e a mudar... Adequando-se a todas as atmosferas, respondendo a todos os anseios do coração do Homem. Sua última mutação é interessante. Mr. Rock fez um “revival” de séculos. Mr. Rock (ou uma sua variante, melhor dizer) passa a ocupar salas de espetáculos dividindo o palco com Orquestra de Câmara e Sinfônicas completas: é o Neo Clássico. O fato é que nesse dia 13 de julho comemoramos o Dia Mundial do Rock. E a data por si só demonstra a generosidade deste tipo de música, discriminada por quem não tem neurônios suficientes para compreendê-la, percebendo-a somente em seu aspecto lúdico com se em outros nichos musicais não fosse permitido ...”o corpo ficar odara”. Aurea mediocritas, pois sim. Em 13 de julho de 1985 se fazia o histórico Live Aid (Ajuda ao Vivo), um conjunto de concertos beneficentes pondo em perspectiva o caráter de consciência e criticidade que é própria a Mr. Rock e suas incontáveis facetas, cores e línguas. Desta Cajazeiras Sertaneja fica também os votos de seus incontáveis e orgulhosos súditos. Longa Vida a Sua Majestade o Rock’n’Roll.

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