O Arlequim na mídia....

Segue, na íntegra, a reportagem publicada no jornal Gazeta do Alto Piranhas abordando o Arlequim e seu trabalho. Tá muito legal pois dá uma idéia muito clara do que a gente pensa e faz. Grato ao jornal pelo convite para entrevista.
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Um Arlequim no Sertão.

O nome é no mínimo estranho: Arlequim Rock’n’Roll Band. O Arlequim era personagem da Commedia dell'arte, forma teatral que floresceu na Itália do séc. XVI. Mas daí a nomear uma banda de rock? Sobre o assunto fala Paccelli Gurgel (lead guitarra, flautas e voz): “O Arlequim da Commedia é tão fascinante quanto o Rock’n’Roll. Ele é ao mesmo tempo herói e vilão, algoz e vítima. É irônico, ardiloso, flexível. Caviloso, enfim. No caso da nossa logomarca, incluímos ao desenho a lágrima do Pierrot e seus arabescos de máscara. O ‘nosso’ Arlequim chora também... mas só por um olho... e a lágrima é bem sombria (risos)” Diversidade é a tônica, então. E é assim a música da banda. Instado sobre o assunto, Diego Nogueira (contrabaixo, violão folk e voz) responde: “ A despeito do eixo sonoro do grupo ser tipicamente Hard e Progressive, nós exploramos a riqueza do universo rock até os limites de nossa capacidade. Ouvir o Arlequim é viajar pela História do Rock, da música urbana...”. E eles que fazem a banda não abrem mão dessa condição. Orgulhosamente declinam em alto e bom som: “Somos músicos de rock”. Com a palavra, Samara Gurgel (guitarra base e backing vocal): “Claro que não esquecemos nossa origem nordestina, sertaneja. Você já ouviu nossa versão de ‘Born on The Bayou’ do Creedence? No arranjo inserimos uma incidência de ‘Acauã’. E lá no solo final, a guitarra distorcida faz um ponteio de viola. E a montagem que fizemos pra ‘Morte e Vida Severina’ do Chico Buarque ?” O que se pode perceber é que, ao contrário de outras agremiações musicais que tem como linha central do trabalho o regionalismo com pinceladas do universal, o Arlequim faz o sentido oposto: vivenciar uma musicalidade universal (o Rock’n’Roll) ajaezando-o, sempre que possível, com elementos locais. “Não se pode negar o impacto do rock, sua penetração nas sociedades mais diversas.”, diz o Paccelli Gurgel. Prossegue ele: “Mesmo aqui no Sertão Nordestino foi assim. É impossível, por exemplo, ignorar a Jovem Guarda, forma embrionária do rock no Brasil. O próprio Luiz Gonzaga cantava a presença estranha e massiva dos novos valores. Quem não se lembra dos versos do Velho Lua que dizia: ... ‘cabra do cabelo grande... cinturinha de pilão...calça justa e bem cintada , costeleta bem fechada ...’ Era o rock que chegava e se assentava pra não mais sair”. Nesse momento o João Paulo (bateria, percussão e backing vocal) entra na conversa: “Só falto morrer de rir quando alguém chega e diz: ‘eu não escuto rock’. Mas claro que escuta! Os elementos da música rock estão presentes em todos os estilos que se ouve por aí. Tem sempre uma batida, um arranjo, um solo típico do Rock’n’Roll. Isso quando o cara não ouve o próprio Rock sem saber. É que todo mundo acha que Rock tem de ser ‘pesado’ , agressivo. Não é assim. Tem pra todos os gostos...” O Jefferson Alexandre divide a voz principal da banda com o Paccelli e o Diego além de estudar sintetizadores. Aficionado por poesia (e fã ardoroso dos Beatles) ele comenta o compromisso da música rock: “A gente vive um momento cultural difícil no Brasil. A mídia propaga uma música ruim, com letras da pior qualidade. O Rock’n’Roll sempre teve um caráter de contestação, de crítica. Acho que é uma arma excelente pra gente usar contra esses absurdos que estão aí. Claro que nem toda música rock é engajada. Mas procuramos sempre seguir uma orientação de engajamento.”. O Arlequim Rock’n’Roll Band criou-se em fevereiro de 2006. Na época a formação era outra. Paccelli, Diego e Samara lá estavam ao lado do João Neto (bateria). Com a saída deste último, o João Paulo assume as “baquetas”. Recentemente o Jefferson se juntou ao grupo. Desde a fundação o Arlequim comemora uma agenda cheia e um público fiel, que eles chamam de “nossos amigos e amigas, os outros Arlequins”. E a banda começa a voar outras alturas. Ganhou o título de ARTISTA DESTAQUE no site nacional Garagem MP3 com duas músicas: um medley de clássicos do Hard Rock e uma música autoral. E falando em site pedimos alguns comentários sobre o badalado “Blog do Palhaço” o site oficial da banda (http://arlequim-rock-band.blogspot.com/). Com a palavra a Samara: “Quando a gente montou e publicou o blog da banda pensávamos num espaço descontraído onde os amigos e amigas do grupo pudessem acompanhar nossos ensaios, nossas alegrias, o stress do trabalho, os equipamentos usados, essas coisas. Mas aí tudo mudou diante do grande número de visitas. Resolvemos então uma ampliação. O blog hoje conta com seções que trazem artigos e links de discos raros onde se é possível ‘descer’ pérolas da música, de graça. E não tem só rock, não, já que a gente gosta da música como um todo. Lá tem fado, baião, samba, jazz, chorinho, música erudita, MPB e claro, muito Rock’n’Roll”. Sobre o ‘set list’, o repertório do Arlequim, o Paccelli diz: “Cover é tocar a música igualzinho ao disco e isso a gente não faz. Trabalhamos ‘releituras’. Mudamos o arranjo original das músicas, as vezes de forma radical. E temos músicas de nossa própria autoria também. É o caso de ‘Blues Up’, de ‘Fantoche’, do ‘Martelo Apocalíptico’ e de outras ainda em formatação. A gente nunca anuncia no palco: ‘agora vamos fazer uma música de nossa autoria’. Tocamos elas ali, no meio das outras. Quem gosta, chega e pergunta. Mas nunca abriremos mão das releituras pois não somos escravos da nossa própria música, do autoral. Nunca abriremos mão da dinâmica de tocar de tudo.” Mas nem só de arte (e manhas) vivem os Arlequins. O Paccelli Gurgel é professor universitário. O Diego é aluno do curso de História da UFCG-Cajazeiras. O João Paulo é também aluno da mesma universidade, curso de Ciências. A Samara é graduada em História pela UFPB e trabalha no corpo técnico-administrativo do Tribunal de Justiça da Paraíba. O Jefferson é membro do Conselho Municipal de Cultura enquanto se prepara para entrar na Universidade. E com tanta ‘universidade’ no meio não deu outra: a banda hoje tem parceria com o Núcleo de Extensão Cultural da Universidade Federal de Campina Grande - Cajazeiras. Quando tocam em outras comunidades, sempre antecede aos shows mesa redonda com o tema “História Social do Rock’n’Roll”, além de oficinas musicais. “É um trabalho sério, árduo e caro. Nosso equipamento é muito profissional e nos orgulhamos disso. Juntamos cada centavo conseguido com os cachês, incentivos e patrocínios e investimos na criação de uma estrutura que possibilite um trabalho mais tranqüilo e uma sonoridade a altura dos nossos muitos amigos e amigas, a quem dedicamos essa reportagem. Longa Vida ao Rock’n’Roll”. Aqui eles fincaram pé: nesta declaração final a assinatura é ARLEQUIM ROCK’N’ROLL BAND.

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